February 23, 2009

Delhi

QUARTA 18.02.06

Acordamos por volta das 8h00 e tomamos um banho e preparamos para mais um dia desta odisseia. Tomamos o pequeno almoco no restaurante na cobertura alheio a azafama que se passa la em baixo no Main Bazzar (para que possam imaginar melhor como e que estes bazzars se parecem imagem uma rua que parece um campo de batatas, com lama e poeira ao mesmo tempo, vacas e caes vadios, fezes e lixo espalhados por tudo quanto e canto e no R/C de cada edificio arruinado lojas que vendem de tudo! Ok agora juntem-lhe centenas de pessoas e rickshaws e motorizadas... ja ficam com uma ideia hehe). Por volta das 10h partimos em direccao a chadni chowk onde estao os principais bazzars de Delhi e consequentemente as maiores zonas de caos e densidade populacional. Logo ao sair do hotel um palerma (nao tem outro nome) segiu-nos o caminho todo ate a um cruzamento e perguntou-nos se queriamos um auto-rickshaw (triciclo motorizado) e para onde onde. Depois de negociarmos acordamos 20 rupias para chandni chowk. Entramos num auto e fomos na direccao errada! eu pensei... deixa andar mais um bocado pode ser que conhecam melhores caminhos e dar a volta para fugir ao transito... entretanto a crystal apercebeu-se que eu tava a dizer que iamos na direccao errada e ficou logo desconfiada e zangada embora o conductor nos tenha dito que aquele era o melhor caminho... passado 200m parou para mijar... foi a gota de agua e saimos e fomos a procura de outro auto-rickshaw. Caminhos durante 10m e acabamos por ir num cycle-rickshaw ate ao nosso destino. Logo no inicio dos bazzars existe uma mesquita islamica "Fatehpuri Masdij" onde nos sentamos durante uns minutos para recuperar psicologicamente do impacto causado pelo caos, cheiros, cores... e relaxar junto a uma fonte onde alguns miudos estudavam. Acabamos por ter uma breve conversa e descobrimos que existe uma escola adjacente a mesquita. Despedimo-nos deste jovens estudantes e deste oasis de paz que incrivelmente se veio situar no meio de toda a confusao inerente aos bazzars onde acabamos por comprar um saree e um dupatta (lenco) para a crystal e um Kurta pajama para mim numa lojita escondida numa ruelas labirinticas por detras da rua principal. Pelo caminho experimentamos os jalebis mais famosos de Delhi numa esquinazita com um bazzar de "ourives" (basicamente e massa de fartura frita e mergulhada num xarope acucarado que resultou ser doce e enjoativo demais ate para um guloso como eu).

Continuamos a caminhada por Chandni Chowk que no extremo Este e rematada pelo Forte Vermelho ou "Lal Qila". Imponente e grandioso e' sem duvida alguma um importante testimonio do imperio Mughal em Delhi construido em pedra arenito vermelha que se extende por 2km que enclausuram uns agradaveis jardins entre templos e ruinas habitados por esquilos, falcoes, coloridas borboletas, papagaios... e novamente esta sensacao de contraste entre o presente e o passado... o pandemonio de uma socieade/economia em crescimento destravado explanado nas ruas e o silencio dos fantasmas do passado apenas ainda mais acentuado pelo cantar dos passaros que habitam esta fortaleza.
Saimos do forte de volta para o caos das ruas de Delhi e caminhamos ate a Jama Masdij, a principal mesquita muculmana em Delhi e a maior em toda a India foi erguida pelo mesmo imperador mughal que construiu o Lal Qila em 1658 no cimo de uma colina. Possui dois grandiosos minaretes com 40m de altura, a um dos quais subimos para apreciar as preveligiadas vistas em 360 graus de toda a cidade. Ainda brinquei um bocado com miudos que acabaram por tirar uma foto com a Crystal. Ah! Obrigaram a Crystal a vestir uma tunica que a cobria dos ombros ate aos pes por ser mulher, facto ao qual ela nao anuiu facilmente, mas la a convenci e podemos testumunhar esta bela mesquita e a intrinseca devocao dos muculmanos.
Saimos da mesquita por voltas das 16:00 e esfomeados apos a jornada desde o hotel ate Chandni Chowk e o Lal Qila mais a escalada ao topo do minarete fomos almocar ao Karim's. Famoso pela excelente cozinha mughal comemos um optimo "burra" (churrasco mughal) de cabra.
Apos o almoco, ja tardio, fomos visitar o tumulo/memorial do Ghandi onde o seus restos foram cremados por uma chama que nunca mais se extinguiu e la continuara assinalando a vida e os feitos de um grande Homem. O sol aproximava-se do horizonte e uma leve brisa cruzava o patio onde esta o tumulo. Com o crepusculo fomos invadidos por uma paz interior que interpretamos como um ola do proprio Ghandi ou um bem-vindo a India... desfrutem desta bela odisseia que acaba de comecar... e assim foi perdidos no tempo e espaco despertamos daquele sentimento hipnotico com o silvar de um assobio... era o porteiro do parque a avisar os ultimos visitantes de que o parque ja estava a fechar... e la fomos nos de volta para o hotel com o espirito recarregado para os proximos dias.
QUINTA 19.02.09
Mais um pequeno almoco e la caminhamos ate um pequeno posto de turismo onde tivemos que regatear o preco de um auto-rickshaw... nada facil para nao variar e a Crystal ja comeca a ficar farta destas pessoas que so pensem em extorquir dinheiro aos turistas. Mas la consegui arranjar um bom preco para vermos o Qtub Minar, o Lotus Temple e o Gurdwara Bangla Sahib.
Este "arco do triunfo" afgao data do sec. XII e o mais bem preservado edificio pertencente ao complexo do Qtub Minar onde imponente ruinas comungam entre belos jardins e arvores seculares habitados por formigas gigantes, esquilos, falcoes, corvos e papagaios. Apenas nos resta imaginar como e que este profusamente detalhado minarete com 73 metros de altura se enquadraria naqueles tempos com os edificios adjacentes mas sem qualquer margem para duvidas sempre foi e sempre sera um marco no horizonte de Delhi.
O Bahai Worship House, mais conhecido como "Templo de Lotus", e um templo construido no final da decada de 80 com o intuito de comungar todas as diferentes religioes presentes na India. Qualquer pessoa de qualquer religiao e bem-vinda a este local sagrado para rezar e meditar em paz. Tenho que reconhecer que e', arquitectonicamente, uma das igrejas modernas minhas favoritas. A sua forma unica e o jogo de plataformas com as laminas de agua agarram o edificio ao chao tal e qual como seria de esperar de um caule de uma flor e das suas raizes. No interior, os tectos e as aberturas para entrada de luz estao bem concebidas mas fiquei algo desiludido neste aspecto em particular. Pelo menos quando comparada com obras de outros arquitectos como Tadao Ando ou o Siza que trabalham a luz como um elemento divino de clarividencia que se torna na alma e coracao dos seus edificios. Apos reflectir penso que sera numa tentativa de ser neutro visto nao ser um templo de uma religiao mas um templo da religiao e por isso estar tambem despojado de qualquer figura ou simbolo no seu interior. Ainda assim ficou com a sensacao de uma concha muito bonita mas vazia. No entanto nao deixa de ser uma das minhas igrejas preferidas no que diz respeito a sua concepcao formal e como tal despedimo-nos satisfeitos e fomos almocar.
Depois do almoco e para finalizar Delhi fomos visitar um templo Sikh, o Gurdwara Bangla Sahib. A primeira impressao foi intensa... muito intensa, especialmente para a Crystal. Pareceu que por momentos estavamos num mundo a parte que nao a India apesar de sabermos que existem muitos islamicos, budistas, hindus, etc. neste pais. Contudo o ambiente criado pelas caras a nossa volta, os altos canticos que ecoavam nas arcadas brancas que enclausuram um grande lago e a mesquita com as suas cupulas douradas originaram esta sensacao de estar numa outra dimensao. Como e costume tivemos que tirar o nosso calcado e desta vez tivemos ainda que cobrir as nossas cabecas com um lenco. Para nao mencionar o facto de que eramos os unicos turistas... nem e bem turistas... era mais por sermos os unicos que nao se enquadravam naquele contexto, onde as tais caras rezavam fervorosamente. Concluindo tudo isto contribui para intensificar a experiencia e agudizar os sentidos. A Crystal sentiu que nao estavamos a ser respeitosos ao divagar com uma maquina fotografica na mao e tornar aquele local notoriamente tao sagrado para aquelas caras numa atracao turista e entao eu apressei-me numa breve visita ao interior da mesquita e abandonamos o templo ainda a pensar naquilo que tinhamos acabado de ver e sentir. Partimos para o hotel para recolher as nossas mochilas e metemo-nos num comboio em direccao a Mathura onde pernoitamos. Foi aqui que a vimos a tal "carrinha megafone" da qual a Crystal vos fala num destes posts aqui no blog.
Bem temos que nos meter em mais um comboio...
Namaste.

2 comments:

  1. Vamos lá ver se hj já consigo deixar aqui uma nota (sem ser bancária)!

    Ao ler os v/ relatos, tão elucidativos que nos fazem senti-los quase «reais» ... até fico cansado!!!

    PS-AS, carreguei-te o TM Optimus para caso de urgência.

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  2. Finalmente as tao desejadas fotos,estao o maximo!
    AS,adorei ver-te com aquele sari que,juntamente com aquelas barbas,pareces mesmo um hindu...nao tivesses tu uma costelinha hindu-portuguesa. Ainda ontem o teu tio Nuno descobriu uma certidao de nascimento do teu Bisavô Vicente Ferrer Soares, daí de MAÇUPA.
    Tem piada estas coincidencias,,,é como se fosse um regresso às origens!!
    Continuem a vossa epopeia,com todo o entusiasmo...
    BJS
    bjs

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